Em "O mau vidraceiro" Nuno Ramos reuniu 62 contos. A maioria deles tem uma ou duas páginas, concisos e diretos que são. Gostei particularmente de um punhado deles: "deusa gorda", "o deus leitor", "quem fala?", "regras para a direção do corpo", "angenor", "separação", "autoajuda", "o último ofício", "os lutadores". Não são exatamente histórias, mas sim idéias que funcionam como uma espécie de aforismo encorpado, reflexões que se recortam e se oferecem ao leitor. Ele fala sempre do estranho que é o comportamento humano, do bizarro que há nas justificativas dos homens para seus atos. Há experimentação formal no texto e uma boa dose de inventividade nos temas que ele escolhe. Os dois textos mais longos, "testamento" e "o amor varre tudo", são muito bons. Não é um livro exatamente fácil de se ler, mas o leitor ganha e se diverte muito com seu esforço. Ainda estou as voltas com um outro livro de Nuno Ramos (Ó). De alguma forma eles dois se comunicam, mas eu preciso terminr o Ó (parece um mantra isto) para poder pensar direito. Veremos. [início 20/10/2010 - fim 01/03/2011]
"O mau vidraceiro", Nuno Ramos, São Paulo: editora Globo, 1a. edição (2010), brochura 14x19 cm, 265 págs. ISBN: 978-85-250-4876-9
Um comentário:
Guina, caríssimo,
enfim palavras confiáveis a respeito do Mau Vidraceiro, livro que quero ler há tempos e não tive tempo de.
Ó é outro.
Vou atrás deste e aguardar a sua resenha de Ó.
Um aBrossa!
(Ah, e grato pela bela indicação no programa da Aninha. Faltava mesmo mais um espaço digno para o seu trabalho)
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