Como já disse o James Joyce (aqui transcrito pelo inigualável Haroldo de Campos) "Eu poderia assentar-me assalvo neste balado da barcarrola até o grasn´ido de Sant´Agarças à horipêndula das poupas, atéolo infim do infhélio no horuscante, jùbilojazendo à carneirosa relampinave, e prestar um semiouvido oniraberto ao tamburlido narcejo dos embuscados tiradores...". Digo isto pois eu poderia assentar-me assalvo deste "Para ser escritor" do Charles Kiefer e apenas dizer que nunca o li ou não o conheço. Mas prefiro registrar aqui que este livro é muito ruim. A edição é até bonita, mas transformou em 160 laudas algo que não deve chegar nem a metade disto. É também um livro requentado, composto por umas quarenta e tantas postagens retiradas de um blog mantido pelo autor e publicadas em 2009 e 2010. A maioria delas são platitudes enfadonhas, de uma banalidade sem fim. Há afirmações que ofendem a inteligência de qualquer sujeito, que podem causar alguma agitação em uma sala de alunos semiletrados, mas que não se sustentam. Dizer que "Escritores não leem outros escritores" foi a que mais me incomodou. O sujeito parece não conhecer Pound, Henry James, J.M. Coetzee, Philip Roth, para citar só quatro bons leitores que também são bons escritores, inclusive de ensaios sobre os outros escritores que leram. Bobagem como dizer que foi Ezra Pound quem leu os originais de Proust e os jogou no lixo, que Shakespeare era um plagiador que seria provavelmente processado se publicasse suas peças hoje em dia ou que após três meses de aulas seus alunos são capazes de apresentar suas produções, aparentam revelar que os textos foram mesmo escritos descompromissadamente para um blog e não sofreram nenhuma revisão crítica posteriormente. Outras bobagens, como chamar de "plasma de elétrons" o suporte físico dos livros eletrônicos só devem mesmo incomodar quem sabe o que é plasma. Paciência. Este é mesmo o tipo de livro que a Dorothy Parker dizia devermos jogar pela janela, com força. [início 20/02/2011 - fim 21/02/2011]
"Para ser escritor", Charles Kiefer, São Paulo: editora Leya, 1a. edição (2010), brochura 14x21 cm, 159 págs. ISBN: 978-85-8044-024-9
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