"Memória líquida" é uma pequena jóia, que enfeixa trinta poemas fortes. Mas como eu cheguei a esse livro? Certamente os caminhos que os livros fazem para nos encontrar sempre são sinuosos e surpreendentes. Pois foi por um lance de sorte conheci o poeta Majela Colares na última feira do livro de Porto Alegre e ele, generoso, presenteou-me com esse pequeno livro (foi um outro poeta, o bom Romar Beling, quem nos apresentou, Evoé! - já contei como foi que isso aconteceu em um outro post, sobre o Giacomo Joyce). Li os poemas aos poucos, como gosto de fazer, sem me preocupar com a ordem deles, e sempre com renovado prazer. Não é nada muito explícito, mas percebe-se que Majela é um leitor disciplinado, que acumula, reflete e posteriormente destila o que leu, plasmando algo disto em seus poemas. Os poemas tem formas variáveis, quase exercícios de destreza, como se Majela Colares estivesse a nos ensinar as possibilidades que os versos oferecem ao bom artície. Cinco dos poemas são inspirados em telas de Vicente do Rego Monteiro, uma homenagem de Colares por ocasião dos quarenta anos de morte do premiado artista plástico recifense (Majela é cearense, mas está radicado no Recife há vinte anos). O livro inclui uma introdução assinada por André Seffrin. Ele fala algo sobre as influências de Majela e sua respeitável produção poética, que já alcança uns dez livros. Gostei das brincadeiras com o "internetês", com o uso da linguagem em múltiplos e inventivos registros. Vou procurar mais coisas deste sujeito.
[início 02/11/2012 - fim 04/12/2012]
"Memória Líquida", Majela Colares, Rio de Janeiro: Confraria do vento, 1a.
edição (2012), brochura 12x17,5 cm, 78 págs. ISBN: 978-85-60676-43-9
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