"O véu erguido" é uma história curta de terror psicológico, uma novela fantástica, publicada originalmente em meados do século XIX. É talvez a menos conhecida das histórias vitorianas típicas deste gênero, como os clássicos "Frankstein" (de Mary Shelley), "O estranho caso do Dr. Jekyll and Mr. Hyde" (de Robert Louis Stevenson), "Drácula" (de Bram Stoker) e "A outra volta do parafuso" (de Henry James), das quais é aparentada. Acompanhamos a história de um sujeito que afirma ter o dom da clarividência e que sua vida foi definida pelos desdobramentos daquilo que conseguia descobrir antecipadamente de seu futuro (um fardo quase insuportável, esgotador, pois trata-se de uma espécie de vampirismo que opera apenas quando seus interlocutores estão próximos dele). Pode-se ler o livro como uma descrição sutil dos estados mentais de um sujeito que padece de uma doença terrível e tem a dolorosa consciência de sua condição, ou ainda como os procedimentos analíticos (de auto análise) de alguém que tenta explicar, sem justificar, como se comporta uma pessoa que canaliza e administra seu enorme egoísmo, manipulando e fantasiando a realidade quando quer alcançar objetivos condenáveis. Há passagens realmente boas no livro. George Eliot (pseudônimo de Mary Anne Evans, mais conhecida por seus últimos romances "Middlemarch" e "Daniel Deronda") soube envolver o leitor na fantasia de seu protagonista e até que nos apiedemos de seu destino. Esse livro faz parte de uma coleção de histórias curtas (A arte da novela, da Grua Livros, originalmente produzidas pela Melville House Publishing), da qual já li "A briga dos dois Ivans", "A lição do mestre", "O colóquio dos cachorros" e "Michael Kohlhass".
[início: 30/07/2015 - fim: 31/07/2015]
"O véu erguido", George Eliot (Mary Anne Evans), tradução de Lilian Jenkino, São Paulo: Grua livros, 1a. edição (2015), brochura 13x18 cm., 118 págs., ISBN: 978-85- 61578-46-6 [edição original: The lifted veil (Edinburgh: Blackwood's Magazine) 1859]
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