Há poucas coisas mais instigantes que uma boa ficção. Deve ser por isto que sempre prestamos atenção nos velhinhos contadores de histórias ou naqueles colegas que sabem prender-nos com um assunto. Depois dos ensaios e de alguma poesia que li estava na hora de voltar à ficção. O povo do café já havia lido este livro e todos fizeram elogios: "belos personagens", "bela trama", "surpreendente", "o primeiro capítulo matou à pau!", e por aí seguiam as análises. Demorei para começar. O livro ficou todo o dezembro e janeiro se escondendo e dando lugar aos outros, mas agora no início de fevereiro chegou sua vez. Mário Vargas Llosa conta a história de um relacionamento conturbado que se passa em diferentes cidades ao longo da vida de um sujeito. São sete capítulos, em cada um deles uma cidade, um elenco de personagens interessantes e um esquema: há uma cortina de fumaça, um recorte mais ou menos factual de um período da história da segunda metade do século passado; um encontro surpreendente entre o sujeito e a senhora de sua paixão; algum desenvolvimento e enfim o desfecho, sempre desfavorável para o narrador, afinal trata-se de homem apaixonado que não controla nada em seu relacionamento, mas sim pontua toda sua vida nele. "O homem só é um enigma para si mesmo", já disse com propriedade algum sábio. Vargas Llosa é um mestre e não esconde seus truques. Mesmo sabendo da forma literária e dos artifícios lemos o livro com prazer. Há um excesso de variações nos temas, mas ele está descrevendo mais de quarenta anos de história peruana, de história européia, do circuito de traduções internacionais, do tráfico de afrodisíacos africanos para a ásia, do surgimento da aids, da ievitabilidade do câncer, do repetitivo exílio latinoamericano e principalmente está escrevendo sobre o amor, o mais antigo dos temas literários. Na verdade a menina má deve ser mesmo o próprio Peru, desafortunado país. São muitos os assuntos, mas não se pode falar mal de um livro apenas por seus excessos. Fiquei com vontade de ler outras coisas do Vargas Llosa para verificar se ele é mesmo apenas escravo de seu talento ou de fato um criador hiper imaginativo. Preciso conferir isto. "Travessuras da Menina Má" deixa-se ler com prazer, quase como um livro de contos bem amarrados, mas faltou alguma coisa neste livro para me fazer recomendá-lo sem restrições.
"Travessuras da menina má", Mário Vargas Llosa, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht, editora Alfaguara, 1a. edição (2006) ISBN: 85-7302-808-4
Um comentário:
no veo porque dices que es el peru un personaje de vargas llosa , no tienes ni idea de como es el peru para que digas eso ,yo soy brasilera y peruana vivi en los dos paises y los dos tienen sus miserias y sus beldades asi que no te dejes llevar por un escritor que lo unico que hizo fue escribir fuera del pais el no es peruano el es español ,el no quiere el peru es lo que le toco nada mas y me ofendes al decir algo sobre mi pais ya que solo los que vivimos en un pais sabemos como es realmente y no las imagenes distorcionadas por la amargura de un escritor que no leere nunca
Postar um comentário