quinta-feira, 24 de abril de 2008

nona assassina

Talvez não seja necessário para nós que vivemos aqui e os conhecemos bem, mas para um visitante desavisado "A Nona Assassina" serve como um bom livro de apresentação de seis autores, seis contadores de histórias. Este sujeito desavisado, mas curioso sobre a produção literária local, encontraria (e encontra de fato) neste livro de contos, seis diferentes formas de contar a vida e de se contar uma história. Os seis: Antônio Ferreira, Antônio Ribeiro, Athos Cunha, Orlando Fonseca, Pedro Santos e Tânia Lopes, têm trajetórias profissionais e pessoais diferentes, talvez mais diferentes que a amizade é capaz de perceber, todavia praticam em comum o ofício de escrever com alguma regularidade e método. No livro encontramos seis ou sete contos de cada um. Antônio Augusto Brum Ferreira conta histórias com cheiro de campo, lembra de causos e passagens curiosas destes pagos do Rio Grande; Antônio Candido de Azambuja Ribeiro se aproxima um tanto da cidade mas passa longe do centro, suas histórias focam a periferia, a vida dura dos que pouco tem, com a lei os acercando, mas cujos sofrimentos têm ainda no campo uma memória doce; nas histórias de Athos Ronaldo Miralha da Cunha encontramos uma classe média engajada, que acompanha a vida política da cidade, mas que tem um cotidiano monótono e frio, escapista; Orlando Fonseca constrói personagens com os quais experimenta mais o estilo, a linguagem, os jogos verbais e incluí um feixe de minicontos curiosos de sua produção; Pedro Brum Santos conta histórias diretas, curtas, reflexivas, com temas e personagens variados, mas que de repente se apresentam indistinguíveis ao leitor; Tânia Lopes traz finalmente um pouco do mundo e das questões femininas, com olhos que mais parecem ver o mundo pela primeira vez, sem preconceitos e idéias pré-estabelecidas, também incluíndo alguns minicontos cifrados. Gostei de ler este conjunto de contos de uma vez só, comparando um tanto os estilos. O livro incluí também um conto escrito por todos eles e que de fato o nomeia. O Athos teve a idéia original de uma velhinha italiana envolvida em um assassinato, escreveu três laudas sobre o tema e passou a trama para os demais colegas. Cada um a seu jeito aceitou caminhos ou inventou reviravoltas, de tal forma que o produto final é um conto realmente produzido a doze mãos. Este procedimento é curioso e coloca a interessante questão de autoria literária para um eventual debate com o leitor. Afinal, quem é mesmo o dono deste conto, o autor deste conto? Exatamente por força deste processo o resultado deste conto em particular não me agradou. Talvez os vários personagens merecessem um pouco mais de tempo para se apresentar, talvez ao mesmo tempo que permita maior criatividade à narrativa o formato engesse demais a trama nas poucas laudas que cada um têm para trabalhar. Não sei. De qualquer forma cabe sempre aos livros se defenderem sozinhos dos maus críticos e dos leitores cruéis. Cabe ainda um registro aqui. A noite de autógrafos deste livro em meados de dezembro passado foi a última atividade pública de Antônio Augusto Brum Ferreira, certamente o escritor mais experiente dos seis autores do livro, reconhecido poeta, letrista, membro de academias literárias, sendo portanto uma espécie de patrono do grupo. Ele morreu pouco tempo depois daquele dia feliz do lançamento (por sorte tenho meu exemplar autografado por todos eles, festa bonita que foi). Por conta disto posso ainda registrar, a meu juízo, que "a nona assassina" acabou ceifando ali sua cota daquele dia, moira funesta que mostrou-se ser.
A Nona Assassina, Antônio Augusto Brum Ferreira, Antônio Cândio de Azambuja Ribeiro, Athos Ronaldo Miralha da Cunha, Orlando Fonseca, Pedro Brum Santos e Tânia Lopes, editora Manuzio, 1a. edição (2007) brochura 14x21cm, 215 pág., ISBN: 978-85-7782022-1

domingo, 13 de abril de 2008

boris godunov

Umas das coisas que eu mais gostava quando pequeno era folhear os fascículos da "Enciclopédia Trópico" de meu pai. Um dia descobri em uma das malas que ficavam na parte de cima do guarda roupa do "quarto das meninas" vários dos fascículos que estavam faltando na coleção e isto foi motivo de felicidade e comemoração. Minhas primeiras noções de mitologia eu aprendi ali, folheando os verbetes coloridos mas, convenhamos, mal organizados da enciclopédia. Bom. Uma das histórias que eu lembro muito bem era aquela em que o falso Tsar russo Dimitri toma o lugar do Tsar Boris Godunov. Logo destronado tem seu corpo disparado de volta a sua Polônia natal por um canhão. Eu sempre me impressionava com a possibilidade de se vingar de alguém desta forma, lançando seus ossos à canhonaços. Com o tempo confundi e misturei esta história com a do Tsar Ivan, o terrível, dos filmes do Serguei Eisenstein, e também com minhas associações livres malucas de sempre. Mas eis que encontro este "Boris Godunov" em uma livraria portoalegrense, bem editado pela Globo, com direito a uma tradução direta do russo, notas bem interessantes, apêndices e um posfácio generoso do tradutor. O poeta Aleksandr Púchkin fez esta versão dos sucessos da época de Godunov uns 200 anos depois e teve problemas com a censura do Tsar de plantão (Alexandre I), também as voltas com suas próprias rebeliões. Não estou certo se a peça foi mesmo escrita para ser encenada, mas há uma ópera de Mussorgsky baseada no texto que é executada com freqüência. A história é mais ou menos aquela que eu lembrava: Boris Godunov é levado ao trono no final do século 16 por meio de uma assembléia popular após seu cunhado ser considerado inapto (nada de novo, nosostros brasileiros sabemos muito bem que nada é mais fácil e rápido que comprar consciências de uma população semi-analfabeta, mas esta é outra história). Godunov foi o primeiro Tsar que alcançou o trono desta forma. Após uns dez anos de reinado conturbado um impostor que afirma ser o filho assassinado daquele que seria o herdeiro natural ao trono surge em um mosteiro polonês e logo ganha apoio popular, insurgindo-se conta Godunov. Este pateticamente não consegue desmascarar o impostor e acuado pelos fatos, acusado de ter assassinado o verdadeiro Dimitri, morre e é logo substituído pelo impostor. Mas este último não consegue manter sua aura por muito tempo e logo é igualmente destronado (e lançado a balaços de volta a Polônia, como são brabos e definitivos estes Russos). Achei o texto um tanto difícil de acompanhar. As passagens são fragmentárias. Há dezenas de personagens. A história vai se desenvolvendo lentamente. Não há propriamente uma divisão em atos, mas no início da segunda metade eu já estava mais ou menos acostumando ao ritmo. A peça termina com a morte de Godunov, sua mulher e seu filho. Nos apêndices e nas notas aparece enfim a tal história dos tiros de canhão. Experiência boa, mas acho que está na hora de ler mais coisas deste gênero literário, talvez treinar um pouco mais o ouvido, tentar ler em voz alta, tentar pensar mais no texto e menos na memória do assunto abordado. Na verdade preciso um dia ler os russos (don Renato me emprestou volumes que eu teimo em não ler). O tempo está passando.
"Boris Godunov", Aleksandr S. Púchkin, tradução de Irineu Franco Perpétuo, editora Globo, 1a. edição (2007) brochura 14x21cm, 180 pág., ISBN: 978-85-250-4351-1

sexta-feira, 11 de abril de 2008

patrimônio

Há livros que compramos e guardamos como quem investe na bolsa de valores. Ouvimos uma opinião, um indicação, folheamos displicentemente o livro mas resolvemos seguir o instinto mais primário de o deixarmos de lado. Anos depois o reencontramos (ou ele nos reencontra) e eis que o livro está pronto para ser lido. Foi o que aconteceu com este: "Patrimônio", de Philip Roth. Reencontrei o livro, li quase de uma sentada só, muito satisfeito. Não que o livro seja banal, longe disto, trata-se de um belo texto que descreve o que deve ser o mais difícil: um filho se despedir de um pai dignamente. Ulalá. O que mais dizer? Publicado no início dos anos 1990 o livro descreve os últimos meses de vida do pai quase nonagenário de Philip Roth. Como ele mesmo teve um ataque cardíaco neste período sua dupla experiência de morte torna este texto, ironicamente, uma espécie de réquiem em tempo real. Para mim as palavras chave do livro são estoicismo e memória, mas a memória é múltipla: do judaísmo, da psicanálise, das relações afetivas, dos legados familiares. Roth pai dizia "não se deve esquecer de nada" e Roth filho vai se analisando no processo, registrando de forma obsessiva as várias fases pelas quais o pai passa, rememorando outras mortes, de avós, mãe, irmãos, amigos, vizinhos, amantes. Belíssimo livro. Fez-me pensar em procurar nos meus guardados outros livrinhos dele há muito tempo deixados de lado. Talvez seja a hora de voltar a ler o "Operação Shylock", o "Teatro de Sabbath", "Avesso da Vida", "Mentiras", sim Mentiras, eis um livro para se voltar a ler.
"Patrimônio, uma história real", Philip Roth, tradução de Beth Vieira, editora Siciliano, 1a. edição (1991) brochura 14x21cm, 202 pág., ISBN: 85-267-0400-1

quarta-feira, 9 de abril de 2008

un polaco en la corte

Recentemente um fato que já era mais ou menos corriqueiro para quem acompanha o mundo real ganhou destaque na mídia e virou questão nacional. Falo das não-admissões sistemáticas de brasileiros pelas autoridades aeroportuárias espanholas. O caso ganhou destaque depois que uma mestranda em física na usp paulista foi colocada de volta em um avião sem poder fazer uma conexão para Portugal, onde participaria de um congresso. Ulalá, alguém da classe média caiu na malha! Alguns agentes alfandegários brasucas deram o troco, o glorioso ministro das relações exteriores tergivisou como só ele sabe fazer (como se todos os outros fossemos mesmo pascóvios, como sempre), outros aspones mostraram porque a letargia é mesmo a coluna vertebral deste governo, e o negócio ganhou os minutos nobres da televisão. Mas eu não devia ficar comentando isto aqui pois esta questão vai muito mais longe ainda. Se é que cabe o registro acho que as barreiras alfandegárias ficarão muito mais rígidas do que são agora em todos os lugares do mundo e não apenas na Espanha, nos EUA, na Inglaterra, como agora. Na verdade a não-admissão não é o problema real: o problema real é se perguntar porque tantos brasileiros jovens, velhos, altos, baixos, gordos e magros, tentam se virar em outros lugares. Parece que está tudo muito bom, o futuro nos sorri, nunca antes neste país se viveu tão bem, mas mesmo assim milhares de brasileiros todos os anos preferem experiências como por exemplo lavar banheiros sujos de restaurantes de beira de estrada na Espanha, sem carteira assinada, sem direitos, sem segurança, correndo infinitos riscos, só pelo prazer de fazer isto longe do Brasil. Só na Espanha são uns 100 mil ilegais, vejam só. O Brasil não é mesmo um país para amadores, dizia o Antônio Carlos Brasileiro de Almeida. Presto! Para entender um tanto melhor estes azares e a alma espanhola resolvi ler mais da lavra de meu guru espanhol, o jornalista e escritor Manuel Vázquez Montalbán. "Un polaco en la corte del Rey Juan Carlos" eu achei em um sebo recentemente e deixei-o guardado na estante, como se um diabo tivesse me alertado para se preparar para um combate próximo. Nossos múltiplos ministros das relações exteriores estavam ainda combinando que desculpa esfarrapada dariam para os brasileiros barrados no baile europeu e eu já estava na página 100 deste tijolo de Montalbán, devorando-o. Neste livro ele descreve quase na forma de diário os dias que antecederam as eleições gerais espanholas de 1996, quando os socialistas, em uma crônica anunciada pelos fatos terríveis de então, perderam o poder para o partido popular, direitista como só os verdadeiros franquistas sabem ser (e pensar que o partido popular brasuca apoia o governo de plantão incondicionalmente, que piada!). Mas Montalbán usa estes momentos chaves do que ele chama de segunda transição espanhola para analisar o quadro político da época. É um livro precioso. Qualquer aprendiz de jornalismo político deveria lê-lo. Não conhecia a grande maioria dos entrevistados (políticos, empresários, intelectuais, juízes, profissionais liberais, escritores) mas cada um deles torna-se vívido pelo texto contundente de Montalbán. A meu juízo vejo muitos paralelos (as vezes com sinais cruzados, as vezes simétricos mesmo) entre esta transição e o caso brasileiro (tanto na transição entre os anos FHC para o governo lula, quando deste último para o imponderável que se avizinha). Marx já havia escrito no Dezoito Brumário de Luís Bonaparte, corrigindo um tanto Hegel, que a história se repete, mas como farsa. Nada mais adequado e atual. Será que nenhum grande jornalista brasileiro se interessa por estes temas? Claro, certamente haverá um pac do jornalismo chapa branca que vai gerar laudas laudatórias para nosso timoneiro anão, mas porque um jornalista de verdade não analisa o que acontece no Brasil de hoje com a mesma honestidade intelectual de Montalbán? O livro é extenso, mas muito agradável de se ler. Há um índice onomástico muito bom. A ironia e o bom gosto característicos de Montalbán tornam a leitura deste livro uma experiência instrutiva e verdadeiramente prazerosa. Bom divertimento.
"Un polaco en la corte del Rey Juan Carlos", Manuel Vazquez Montalban, editora Algagarra, 4a. edição (1996) brochura 15x24cm, 560 pág., ISBN: 84-204-8206-4

sábado, 5 de abril de 2008

maus bocados

O prazer à mesa nos torna um tanto exagerados. Terminei o pequeno livro do Daniel Boulud e resolvi começar sem intervalo este “Maus bocados”. Mais receitas, comidas exóticas, a rotina agitada dos restaurantes, mais fome! Anthony Bourdain é da mesma geração que Boulud, mas tem uma trajetória um tanto diferente. Americano, ele realmente entrou no mundo da alta gastronomia pela porta dos fundos (que é a porta da cozinha afinal de contas). Apesar de ter cursado vários cursos de gastronomia em sua juventude e ter se habilitado com louvor para a profissão seu treinamento foi “à americane”: primeiro os livros, depois a cozinha. Nada parecido com o eterno louvor ao ciclo das estações e amor às tradições (o terroir) dos franceses. Lentamente, trabalhando duro na bancada de salteados, se esforçando na eterna luta contra o fogo e preparando infinitos “mise en place” ele chegou à grande chef de um importante restaurante novaiorquino, o Les Halles de meados dos anos 1990. Nos seus livros anteriores [Cozinha confidencial e Em busca do prato perfeito] ele conta esta escalada, sempre lembrando das diferenças entre um restaurante estrelado pelo guia Michelin e um restaurante como aquele onde ele chegou a chef, onde 300 refeições diárias eram preparadas e servidas antes dos clientes sairem correndo para um espetáculo na Broadway (mesmo caros os restaurantes têm lá seus condicionantes). Claro, o fato dele confessar seus hábitos pouco ortodoxos na cozinha dão um colorido especial aos livros. Eles são de fato muito engraçados e repletos de histórias dos bastidores do mundo invejável dos grandes chefs. Os livros grangearam-lhe fama instantaneamente (que ele não se furtou em capitalizar para adaptá-los para um programa de televisão produzido originalmente para o canal Discovery Travel). Aparentemente neste programa ele quase sempre sai em busca de histórias curiosas que venham acompanhadas de pratos fortes e exóticos pelo mundo todo (sua passagem pelo Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, parecem ter sido movidas à doses poderosas de caipirinhas e outras delicinhas). Mas este livro tem um defeito acho eu: como se trata de uma coleção de artigos originalmente escritos para revistas ou rascunhos de idéias que antecipavam os roteiros de seu programa de televisão não há uma harmonização convincente ao final. Há uma seção no final do livro intitulada "comentários" onde ele explica a gênese de cada artigo. Se esta seção fosse incluída imediatamente antes de cada artigo estou seguro que o efeito sobre a leitura seria bastante favorável. Paciência. O livro já está editado e eu sou o menor dos anões desta freguesia. "Cozinha confidencial" é de longe o melhor livro que li dele. "Em busca do prato perfeito" serve como um guia gastronômico sentimental que invejamos um tanto. "A cozinha do Les Halles" é um livro clássico de receitas. Já este "Maus bocados" deixa um travo amargo no leitor, como se o chef tivesse errado enfim uma receita que parecia fácil.
"Maus bocados: cortes varietais, guarnições, sobras e ossos aproveitáveis", Anthony Bourdain, tradução de Celso Mauro Paciornik, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2008) brochura 14x21cm, 360 pág., ISBN: 978-85-359-1155-8

sexta-feira, 4 de abril de 2008

conselhos a um jovem

Há algo ambíguo na leitura de livros de culinária, pois ou queremos terminar logo e partir para a cozinha ou queremos embarcar para longe e descobrir por nós mesmos os maravilhosos restaurantes ali citados. Este "conselhos para um jovem chef" é um pequeno livro editado há poucos anos e já traduzido para o português, originalmente para ser usado em um curso de culinária de uma universidade paulista. Daniel Boulud é um francês de cinquenta e tantos anos que rapidamente percorreu o difícil caminho para tornar-se um chef de sucesso em Nova York. Ele pertence a uma geração que foi muito influenciada e treinada pelos grandes mestres franceses da segunda metade do século passado: Roger Vergé, Gerard Nardron, Georges Blanc, Michel Guérard, Paul Bocuse, Alain Chapel, ou seja, os sujeitos que transformaram a alta gastronomia em um negócio bastante lucrativo e pleno de glamour. Só que acompanhando o glamour há muitos obstáculos a serem vencidos pelos aprendizes. O livro é escrito honestamente e serve de guia aos aventureiros nesta difícil profissão: ele descreve como alcançar alguma excelência; como se especializar; como montar seu próprio receituário; como ganhar disciplina; com quem aprender; como descobrir a hora de partir para novos desafios; como tornar-se proprietário e/ou empresário; como interagir com a mídia e os clientes. São parágrafos curtos, despretensiosos, que mostram rapidamente como apenas alguns abnegados chegarão mesmo um dia a responderem como chefs de seus próprios restaurantes e encontrarão genuína satisfação neste negócio. Em um terço do livro encontramos receitas clássicas que ele acumulou em sua trajetória profissional. Para todo aquele que já pensou em transformar o hábito de cozinhar para os amigos em uma atividade profissional lucrativa trata-se de um livro importante de se ter por perto.
"Conselhos a um jovem chef", Daniel Boulud, tradução de Luiz Horta, editora Anhembi Morumbi, 1a. edição (2004) capa dura 14x21cm, 160 pág., ISBN: 85-87370-20-0