Os editores da Grua optaram por identificar este pequeno livro de contos como "infanto juvenil brasileiro" (ao menos assim está grafado na ficha catalográfica). Deve haver alguma razão mercadológica para isso. Sabe-se lá qual. São quinze contos curtos (na verdade nove deles são curtíssimos, coisa de lauda, lauda e meia, quando muito). Luiz Andreoli faz uma espécie de censo das misérias do mundo e povoa seus contos com personagens sofridos e desesperados. Em alguns contos os narradores são sujeitos de classe média (um jornalista, um policial ou um médico) que descrevem a vida dura da gente pobre de sua cidade (Luiz é curitibano e suas histórias acontecem por lá). Noutros são os próprios deserdados que narram o sofrimento ou o infortúnio de que padecem. Algumas histórias são interessantes. Gostei de "Letrinha de professora, coração de bandido", em que um sujeito edita e glamuriza a vida de um preso, para provocar maior impacto em seu programa de rádio; e também do conto que dá nome ao livro, onde um sujeito se compadece de um cão e faz paralelos entre sua história e a do animal; assim como do conto "Eu faço samba e amor", no qual um policial, dublê de músico em bailes de carnaval, reflete sobre suas fugazes conquistas amorosas. É pouco. Os demais me pareceram mal resolvidos, fracos mesmo, coisas que abusam da pieguice e do sentimentalismo. Talvez as histórias tenham sido pensadas para funcionar como ferramenta de "edificação moral" de jovens leitores, afinal vivemos em um país onde as políticas governamentais mais que subestimam a inteligência alheia, mas, felizmente, os jovens leitores brasileiros de hoje (ao menos os que conheço) são cínicos demais para aceitarem histórias politicamente corretas e edificantes deste tipo. Paciência. [início 21/07/2012 - fim 25/07/2012]
"O laçador de cães", Luiz Andrioli,
São Paulo: Grua livros, 1a.
edição (2012), brochura 14x20 cm, 112 págs.
ISBN: 978-85-61578-20-6