sábado, 19 de julho de 2008

a instrução dos amantes

Há algo de curioso neste livro de Inês Pedrosa. O livro começa com a notícia de uma morte e o enterro da pessoa que morreu. O livro é curto, cento e tantas páginas e bem no final ela descreve a tal morte, uma coisa banal e corriqueira afinal. Mas além da morte no livro há sexo, amores e desamores. Carlos Dummond já havia dito que o amor é primo da morte (e da morte vencedor, otimista que é, ele continua). No livro de Inês Pedrosa há vários trechos longos que são como vislumbres de um enredo maior. Ela vai e volta no tempo, testando possibilidades de futuro para seus personagens ou desnudando segredos do passado deles. Há homens que habitam este livro, mas as personagens fortes e seminais são sempre as mulheres: Cláudia, que se apaixona por Dinis, não é exatamente correspondida no amor, apenas no sexo; Isabel, mesmo esbofeteada acaba por amar Felipe (ao menos por uns tempos); Maria Créu, vê as coisas com os olhos já na velhice, mas que dá sua receita para algo próximo da felicidade nesta vida: "amar muito, muitíssimo"; Ana Carolina, ama um sujeito de um outro país, de uma outra língua, mas que sofre sozinha, criticada pelas amigas. A amiga que morreu aparece vez ou outra, pontuando as escolhas das demais. O livro se passa nos tempos da revolução dos cravos, quando a sociedade portuguesa mudava de valores rapidamente. É um livro que mostra as descobertas que fazemos ao amadurecer-nos. Gostei. Nestes tempos de união ortográfica entre Brasil e Portugal tive um verdadeiro assombro com a quantidade de palavras inusuais do português contemporâneo utilizado pela autora. Claro, que sou mesmo um anão em termos de literatura portuguesa, mas um dicionário e o ritmo da leitura resolveram os problemas. Belo livro, da safra feminina que Cristina, senhora das idéias fortes, mostrou que eu deveria desbravar, afortunado que sou.
A Instrução dos Amantes, Inês Pedrosa, Editora Planeta do Brasil, 1a. edição (2006) brochura 15.5x22.5cm, 168 pág. ISBN:978-85-766-5166-1

sexta-feira, 18 de julho de 2008

lisboa

Parece incrível que este pequeno livro bilíngüe (inglês e português), escrito provavelmente em 1925 e encontrado em um baú de guardados no início dos anos 1980, tenha sido escrito mesmo por Fernando Pessoa. Mas a prosa segura, as descrições ricas e curiosas de toda uma Lisboa de mais de ointenta anos atrás tem mesmo a marca do grande escritor português. Além de um prefácio onde uma especialista explica o origem do texto e o porquê da publicação encontramos três ensaios curtos, escritos exatamente por Pessoa originalmente em inglês e traduzidos por uma pesquisadora chamada Maria Amélia Gomes. Aparentemente este texto deveria fazer parte de uma obra maior onde ele pretendia fazer Portugal mais inteligível para os demais vizinhos europeus. O primeiro, de longe o mais longo, descreve um longo passeio de carro pelos lugares mais interessantes e imperdíveis aos quais um turista devesse atentar (antes de registrar-se em um hotel, entendi ele sugerir); no segundo, de pouco mais de uma lauda, ele descreve os jornais da Lisboa desta época, suas linhas editoriais, o formato da impressão e seus articulistas; já no último, de quatro ou cindo laudas, aprendemos algo através de uma visita por automóvel à Sintra, tomando o caminho de Queluz. Os textos são enxutos, lê-se com prazer, mas obviamente não serve para nos auxiliar na Lisboa transformada deste século XXI. De qualquer forma é um livrinho que nos faz lembrar de nossas próprias experiências ao encontrarmos esta cidade tão bonita e já tão castigada pelo tempo e pelos homens.
"Lisboa, o que o turista deve ver (edição bilíngue)", Fernando Pessoa, tradução de Maria Amélia Gomes, Editora Companhia das Letras, 1a. edição (2008) brochura 14x21cm, 191 pág. ISBN:978-85-359-1214-2

segunda-feira, 14 de julho de 2008

diário de um ano ruim

Se há um autor que leva o leitor a sério este é John Maxwell Coetzee, prêmio Nobel de literatura de 2003, escritor admirável. Este "diário de um ano ruim" é um romance curioso, com cada uma de suas duas partes (diários) tripartido em narrativas distintas. Duas destas três são francamente ficcionais, mas uma se traveste um tanto como ensaios de encomenda, repletos de opiniões fortes sobre temas comtemporâneos, feitos para publicação na Europa. Cabe dizer que Coetzee nasceu na África do Sul mas radicou-se na Austrália há pouco mais de 15 anos e naturalizou-se australiano em 2006. Por conta disto esta ao menos geograficamente afastado do circuito literário europeu, e seus temas abordam um tanto o impacto das políticas americanas e européias na periferia do mundo. Optei por ler linearmente cada um das histórias separadamente, indo para frente até terminar cada uma delas e depois voltando as páginas iniciais para começar as seguintes (esta foi a escolha natural que eu fiz, mas talvez alguém, um outro leitor, encontre prazer em ler cada uma das três partes de cada página simultaneamente). Os dois ensaios do livro são soberbos, o primeiro sobre temas contemporâneos: terrorismo, liberdade, censura, competição, política, libido, manipulação, jornalismo, economia, sociologia, leis de imigração; o segundo mais focado sobre o indivíduo: o envelhecimento, a morte, a música, o sexo, a literatura, os clássicos, o pensamento, os relacionamentos, o sonho. Nos dois trechos onde os ensaios são refletidos, um majoritariamente feminino e outro majoritariamente masculino, outros temas são utilizados para o autor discutir conosco como se dá a construção e a fruição de um texto literário. Nada do que é humanao é estranho à Coetzee, nada substitui a experiência da leitura de um livro e da reflexão honesta sobre ele parece dizer-nos Coetzee, nada é comparável na vida a influência que um autor forte pode ter sobre cada um de nós individualmente e a espécie humana em geral, asservera Coetzee. Recomendo para qualquer um que ainda crê na capacidade humana de superação de suas trágicas limitações, igualmente humanas. Belo livro.
"Diário de um ano ruim", J.M. Coetzee, tradução de José Rubens Siqueira, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2008) brochura 14x21cm, 248 pág. ISBN: 978-85-359-1244-9

domingo, 13 de julho de 2008

madrid

Madri, de Benito Pérez Galdós, foi publicado em 1957 e reune textos publicados originalmente por ele em revistas e jornais madrileños de meados do século XIX (entre 1862 e 1865). Encomendei este exemplar pelo site estantevirtual e o livro chegou a minhas mãos tão rápido que se eu afirmasse tê-lo encontrado em um sebo espanhol legítimo, em excelente estado de conservação, não teria dificuldades em convencer alguém. Considerado um dos maiores escritores espanhóis de todos os tempos, Benito Galdós nasceu nas ilhas Canárias, mas radicou-se na capital espanhola e nela viveu boa parte de sua vida adulta. Tem uma obra muito grande e usualmente é comparado tanto pelo uso prolífico de personagens quanto pela vastidão dos assuntos de sua obra, com outros grandes escritores realistas de sua geração: o escritor francês Balzac, o russo Tostoy e o inglês Dickens. Neste livro foram compilados os textos que ele escreveu e publicou ainda jovem, na época em que chegou a Madrid para cursar direito e filosofia. Ele não chegou a se graduar em nenhum dos cursos pois envolveu-se rapidamente com o mundo literário e jornalístico de sua época. Os textos são muito curiosos, pois falam da vida real dos habitantes de Madrid, do aspecto das ruas ruas e dos parques, das festas religiosas e cívicas, das epidemias, das tradições, dos embates literários e políticos de seu tempo. Qualquer um que tenha encontrado algum prazer em estar em Madrid vai entender o quão sensíveis são as descrições do jovem Galdós sobre o estilo de vida na capital espanhola. O volume inclui também uma palestra de Galdós lida em 1915, nos festejos de 50 anos da publicação original de seu primeiro conto. Nesta palestra o já celebrado Galdós relembra seus primeiros encontros com a cidade que o recebeu e que ele contou tão bem em seus livros. O volume inclui por fim a íntegra do primeiro conto dele, publicado em 1865, onde ele descreve uma epidemia de cólera e também um ensaio onde ele faz um balanço da produção artística madrileña no ano 1870. Assim ficamos sabendo das tendências literárias, teatrais, musicais, artísticas, daquele ano. É um livrinho bom de se ler, pleno de um frescor que só os grandes escritores sabem acrescentar a um texto.
Madrid, Benito Pérez Galdós, Afrodisio Aguado Editores, 1a. edição (1957) capa dura 11.5x18.5cm, 253 pág. ISBN: ......................................

terça-feira, 8 de julho de 2008

el cielo de madrid

Este "El cielo de Madrid" eu trouxe de Madrid, curioso e sem conhecer o autor. Achei em um sebo e a capa muito bonita me ajudou a escolhê-lo. É um livro esquemático, escrito usando a estrutura de "A divina comédia", de Dante, ou seja, com os capítulos Inferno, Purgatório e Paraíso, separando os temas e o desenvolvimento das idéias do autor (ele incluiu um capítulo específico para o Limbo, separando-o do Inferno, o que me parece um anacronismo literário - ao menos, mas não religioso). No final descobrimos que o livro é na verdade um longo relato escrito para um filho recém nascido, onde o narrador conta os sucessos desde sua chegada a Madrid trinta anos antes, vindo das serras altas de Astúrias, longe da capital. Pelo que entendi ele é vagamente autobiográfico, pois o autor também saiu do interior da Espanha (de Léon) e se radicou em Madrid no final dos anos 1970, vivendo aquilo que viria a ser conhecido como "la movida" madrileña. Não é o melhor livro que li este ano. A partir do primeiro terço do livro já antecipamos muito do que vai acontecer: um sujeito chega a uma cidade grande, se apaixona pelo ritmo e situações que ela proporciona, tem uma vida louca, alcança algum sucesso, radicaliza o comportamento, se desencanta, muda para aos arredores idílicos e solitários da grande cidade mas acaba se desencantando novamente, afinal encontrando alguma paz em um casamento, no nascimento tardio de um filho, na maturidade. A vida deve ser assim mesmo, mas o livro não apresenta nenhum desafio literário digno de nota, como já escrevi acima, é muito esquemático e previsível, como se o autor quisesse organizar as idéias para si mesmo, e não para o leitor. Como o personagem principal é um pintor lembrei do Elstir do Proust (talvez Llamazares tenha se inspirado neste personagem, porque não?). Mas o Elstir de Proust alcança uma sabedoria que o personagem de Llamazares nem imagina existir, por mais voltas no umbigo ele se esforce em dar. Achei uma longa entrevista do autor pela web, onde ele fala da experiência de escrever este livro. Gostei de suas opiniões sobre o mundo das letras, da vida social e do mercado literário, mas o livro dele ficou me devendo algo.
El Cielo de Madrid, Julio Llamazares, Alfaguara, 1a. edição (2005) brochura 14x23cm, 256 pág. ISBN:84-204-6757-X

quarta-feira, 2 de julho de 2008

fantasma sai de cena

Mais uma vez estou a escrever sobre Philip Roth e isto nunca é um problema (e é sempre uma experiência gratificante, não canso de dizer). Este é o último romance dele publicado no Brasil. Resolvi ler após o combate com o cachalote de Melville (acho que para mudar rapidamente de século, voltar a paisagem deste brutal século 21 de uma vez por todas). O livro tem como personagem principal um velho conhecido dos leitores de Roth: Nathan Zucherman. Não li nenhum destes, onde Zucherman é uma espécie de alter-ego ou porta voz das idéias de Roth, mas li os livros de uma trilogia dele ("Pastoral Americana", "Casei com um comunista" e "A marca humana"), onde Zucherman é observador e narrador dos sucessos e perturbações de outros personagens. Neste livro ele é um senhor de setenta e poucos anos que mora já há uma década longe de sua New York natal, escondido em uma cidadezinha da Nova Inglaterra, escrevendo seus livros sem acompanhar pela mídia os acontecimentos de seu tempo e praticamente sem vida social. O enredo se desenvolve nos dias anteriores a segunda eleição de George Bush. Zucherman, impotente por conta de um severo câncer de próstata e amargando uma desconfortante incontinência urinária, reencontra por acaso uma pessoa com quem conversou apenas uma vez, quase cinquenta anos antes, mas que foi amante de um escritor já morto que foi muito importante para sua própria formação, também como escritor. Este escritor mais velho (Lonoff) é parcialmente inspirado em Henry Roth (um autor que nunca li, mas por quem me interessei agora). Um jovem escritor resolve contatar Zucherman pois quer ajuda na produção de uma biografia bombástica sobre este escritor mais velho. Zucherman, fragilizado pela doença, com lapsos graves de memória, dividido entre o carinho fraternal pela antiga amante de seu antigo mestre e o interesse súbito por uma jovem garota que tem pretensões literárias e com quem ele quer trocar de apartamento por uns tempos (e voltar a viver em New York), não sabe como se livrar da atenção do jovem escritor. É um romance curioso, com muito material escrito na forma de diálogos de uma peça de teatro. Este estratagema ajuda o leitor a entender um tanto como se dá o processo de elaboração de uma história, de uma ficção, por um grande novelista. É um romance complexo, que vale sim uma leitura atenta. Nele Roth discute a política de George Bush; a vida sob a tensão do terrorismo real e o terrorismo de estado praticado pelos EUA; a fronteira entre ficção e a realidade; o papel da cultura na estabilidade emocional das pessoas; o poder devastador das limitações físicas e das doenças sobre todos nós; o sexo, o câncer e o judaísmo. Curiosamente Melville é citado neste livro. Também Conrad merece várias citações. Dois homens do mar me lembrando do Moby Dick recém lido. Aparentemente Roth disse que este é o último livro onde Zucherman aparecerá e de fato, como em uma peça, no final do livro o personagem sai de cena se desintegrando. Belo romance.
"Fantasma sai de cena", Philip Roth, tradução de Paulo Henriques Britto, editora Companhia das Letras, 1a. edição (2008) brochura 14x21cm, 282 pág. ISBN: 978-85-359-1248-7

terça-feira, 1 de julho de 2008

moby dick

Moby Dick. Don Gilmar encomendou para mim e o tijolo chegou bonito à CESMA uns dias atrás. Começei ler naquele sábado mesmo. Este é o tipo de livro que já estava tempo demais na minha lista de futuridades. A bela edição da Cosac Naify fez-me resolver enfrentar o Leviatã (que é como o autor se refere as baleias em geral). A edição inclui vários mimos para o leitor: um glossário de termos náuticos, ilustrações de navio e bote baleeiros, bibliografia, um belo mapa com o trajeto do Pequod pelos mares até encontrar Moby Dick e três belos ensaios sobre o livro, muito esclarecedores. Eu incluiria ilustrações dos tipos de baleia descritos no livro, como o cachalote e a baleia franca, para ajudar o leitor a imaginar a forma destes seres absurdamente maiores que os homens, mas o editor deve saber o que faz. Mas o que dizer de um clássico? Apesar de grande (e pesado, não foi fácil sair por aí carregando o livro, o que se tornou um motivo a mais para lê-lo logo de uma vez) não é uma leitura muito complicada. Claro, há trechos repletos de enigmas literários, históricos e bíblicos e também longas descrições complexas sobre vários temas (náuticos, anatômicos, biológicos, físicos, históricos, meteorológicos) que podem afastar um leitor mais interessado na caça em si de uma baleia. Como escreve Evert Duyckinck em sua resenha (publicada no mesmo ano que o livro, 1851) há vários livros neste livro: uma consideravel parte dele dá ao leitor os vários aspectos técnicos do que é uma baleia (mais especificamente um cachalote, uma baleia que tem dentes) e de como e porque se caçava uma baleia no século XIX; em uma outra parte do livro, que de fato é até modesta, diria menos de um terço do livro, temos o romance em si da caçada de uma baleia específica, Moby Dick; e, por fim, há uma terceira parte que envolve as reflexões um tanto moralizantes do narrador, Ishmael, analisando a alma humana e sua relação com a deidade. O romance da caçada envolve personagens marcantes, como o capitão Ahab, que deseja apenas vingar-se de um baleia que destruiu sua perna em uma outra ocasião, não se importando com o destino de seu navio e sua tripulação. Outros personagens são igualmente inesquecíveis: Queequeg, o arpoeiro asiático de corpo tatuado; o primeiro imediato Starbuck, um Quacker relutante quando tem de enfrentar seu irascível capitão; o arpoiro Tashtego, que renasce das entranhas de uma baleia; o bem humorado segundo imediato Stubb; o misterioso arpoeiro pessoal de Ahab, Fedallah, que profetiza o destino funesto de todos por conta da caçada. As imagens construídas por Melville são sempre muito vívidas. Um sujeito mais romântico facilmente é levado a sair para o mar e conhecer o mundo misterioso da vida em um navio de grande porte. Os leitores que têm curiosidade científica certamente vão achar o livro gostoso de ler: até a descrição do que é o problema da braquistócrona, isto é, achar a curva de menor tempo de viagem entre dois pontos para um objeto sob uma força gravitacional constante, proposto por Johann Bernoulli, no início do século 18 e que eu ensino nos meus cursos de mecânica clássica aparecem disfarçados no livro. A inversão da polaridade de uma agulha de bússula por conta dos raios de uma tempestade no oceano pacífico também aparece bem contada no livro (assim como o procedimento que o capitão utiliza para re-imantar o objeto). Curiosa também é a descrição da topologia das terras altas dos Andes, que já foram o fundo de algum mar em tempos remotos. Todo este material deve muito a literatura naturalista e/ou realista do século XIX. Há também muitas citações literárias (além das mais obviamente bíblicas) como a do Albatroz de Coleridge. Assim como no Quixote temos histórias vagamente relacionadas ao texto principal nele enxertadas (a do motim do navio Town-Ho ou a dos sucessos do navio Samuel Enderby, por exemplo), mantendo o leitor preso ao livro, mas ansioso por uma conclusão da história principal. Foi uma bela semana de leitura. Semana chuvosa, como se o mar viesse a Santa Maria tornar mais verossímel a leitura. Don Ronái acompanhou-me nesta viagem e se deliciou também neste mar. Ainda temos de conversar sobre estes senhores corajosos e suas obsessões, sobre a brancura das coisas, sobre a moralidade das gentes, apoiados em nossos banquinhos mochos, esquecidos dos aborrecidos sucessos locais. Finis.
"Moby Dick", Herman Melville, tradução de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza, editora Cosac Naify, 1a. edição (2008) capa dura 17x23.5cm, 656 pág. ISBN: 978-85-750-3670-9