As cousas do Japão já há tempos me encantam. Vez ou outra me aproximo deste povo, de sua arte principalmente. Encontrei este "Beleza e tristeza" por acaso. A capa bonita, com duas partes de gravuras, uma de Hiroshige e outra de Yoshitoshi, chamam a atenção do vivente. O título também é um achado (quando se está particularmente vulnerável tudo se transforma em um sinal.) Eu estava em Porto Alegre, tinha acabado de despedir-me novamente das catalanas, como não associá-las a tristeza e a beleza? Comprei e começei a ler o livro em Porto Alegre ainda. Que belo livro! O enredo desenvolve sutilmente relacionamentos amorosos. Um é de um passado indefinido, entre um rapaz dos seus 30 anos e uma adolescente de 16. A moça é seduzida, fica grávida, perde a criança, é abandonada, esquecida e rejeitada. O outro relacionamento dá-se, vinte e cinco anos após o primeiro, entre os mesmos dois personagens, que se reencontram por força de uma decisão do agora velho rapaz, só que agora eles são apenas coadjuvantes de uma nova versão do seu passado, revivido por dois outros jovens adolescentes: a pupila da moça e o filho do rapaz. Aquela seduz pai e filho como forma de vingar-se do sofrimento de sua mestra (com quem afinal também mantêm um relacionamento amoroso.) As artes plásticas, a música, a jardinagem, a literatura, a lingüística, a música, a cerimônia do chá, a estética, as muitas belezas enfim, transbordam pelo livro. Mas os sucessos dos dois relacionamentos (principalmente entre os dois jovens adolescentes) provocarão dor e tristeza. O confronto e a necessidade de se impor sobre o outro é inevitável. O livro tem um bom prefácio de Teixeira Coelho e um curto posfácio de Roberto Yokota, mas a tradução foi feita a partir de uma versão em inglês, um ponto a menos para a editora Globo desta vez. Este livro vale o esforço afinal de contas. [início 10/01/2009 - fim 13/01/2009]
"Beleza e tristeza", Yasunari Kawabata, tradução de Alberto Alexandre Martins, editora Globo (3a. edição) 2008, brochura 14x21, 289 págs. ISBN: 978-85-250-4539-3
Um comentário:
Eu não conhecia nada da obra de Kawabata, daí encontrei em um sebo "O país das neves" e apesar de muita estranheza sobre os sentimentos e as coisas do Japão, gostei do livro. Daí, procurei Kawabata aqui no seu blog que é uma referência para mim. Abraços.
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