Neste último volume da trilogia Millennium Stieg Larsson tenta resolver todos as questões que ficaram em suspenso nos volumes anteriores. Comparado com a correria do final do segundo volume no início deste há mais descrição, mais reflexão sobre os problemas e muitos, muitos mesmo, telefonemas. Os personagens que já conhecemos, o jornalista Mikael Blomkvist e a hacker-heroína Lisbeth Salander, bem como a maioria dos demais, dezenas de coadjuvantes, seguem por hospitais, delegacias, promotorias, redações de jornal, cada um cumprindo seu papel na trama. Após um início tranquilo as reviravoltas do roteiro começam a aparecer e o círculo de envolvidos aumenta, incluíndo a sede do governo sueco, o presente e o passado dos serviços de espionagem, o universo do hackers anônimos amigos de Salander. A chave de todo o livro está na cabeça da heroína, presa em uma instituição psiquiátrica. O jornalista consegue de forma mirabolante que ela tenha acesso a um "palm book" e com ele, mesmo atrás das grades, a moça consegue coordenar todos os esforços por destrinchar a trama, desmascarando os maus, punindo os canalhas, desnudando os corruptos. Quando, já na parte final do livro, inicia-se o julgamento de Salander - previamente orquestrado para prejudicá-la definitivamente - eis que toda a maquinaria montada por ela e Blomkvist desmascara todo o grupo de envolvidos nos crimes descritos nos três volumes da saga. Muitas cabeças cairão, o leitor fica feliz em alcançar um final feliz. A moça é libertada. Se reconcilia com o jornalista, física e espiritualmente. Tudo muito bonito, muito ajeitado, muito esquemático. Há algumas horas que o sentido fica vago e nos deparamos com termos algo obtusos, acredito que por conta da tradução ser de segunda mão, feita a partir de uma tradução francesa. O autor utiliza um procedimento para acelerar a trama que me incomoda: vários capítulos terminam com estruturas do tipo "conversaram por duas horas"; "combinaram que"; "falaram sobre como fariam tal coisa"; "ele explica tudo em cinco horas"; "e assim ambos ficaram sabendo que". O texto fica truncado demais e esquemático demais para o meu gosto. De qualquer forma é um bom "thriller", um livro que ajuda o leitor a entender melhor como funciona a engenharia social nos países escandinavos, sem muitas concessões ou glamurização. [início 13/10/2009 - fim 20/10/2009]
"A rainha do castelo de ar - Millennium 3", Stieg Larsson, tradução de Dorothée de Bruchard, editora Companhia das Letras (1a. edição) 2009, brochura 16x23, 685 págs. ISBN: 978-85-359-1520-4
Um comentário:
Curioso, tive a mesma impressão que ti: no livro 1, aquele fôlego todo e os dois personagens principais. Nos dois seguintes, uma derrocada pela íngreme ladeira da perdição....que pena.
Pior foi saber que um outro escritor tomou da pena e continuou a estória. Agora são 6 livros! Uma lástima que, com toda a certeza, jamais perderei meu tempo. Evoé!
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