Não há fórmulas nos trabalhos de Marcelo Sahea reunidos em "nada a dizer". Como em um jogo do qual não conhecemos as regras confrontamos a cada página imagens, poemas e textos e somos forçados a decodificá-los. O quê se diz? O quê se mostra? Os poemas em verso, os poemas visuais e os textos são como provocações que não deixam o leitor indiferente. Ler seu livro é como trilhar um território novo, um território de disfarces, de contradições. Como em todo poeta forte localizamos logo a influência de algo (no caso o concretismo) mas verificamos que a inovação e experimentalismo são dele mesmo, senhor de grande técnica e erudição. Ele propõe sacadas que explodem na memória do leitor (gostei particularmente de "casando com o acaso", "receita" e "Clec Pôu Ffff"). Marcelo afirma em seu blog (que vale uma visita: poesilha.blogspot.com) que sua arte é a arte da palavra e ao lermos este seu terceiro livro percebemos que até o que não dizemos com palavras parece querer se expressar. Quando as pessoas dizem que as imagens valem mil palavras retruco rápido lembrando do Millor que diz ser impossível dizer isto, ou seja, dizer que uma imagem é mais poderosa que as palavras, sem usar as palavras. Marcelo propõe várias imagens que já mostrei e discuti com amigos (se bobear vou escanear e mandar pela internet mundo afora, preciso pensar nisto). Acho mesmo que seus poemas visuais devem ser vistos e discutidos. Enfim, este é um livro para ser lido em público, mostrado aos amigos. Sorte de quem já viu o Marcelo em suas performances poéticas, poetando com energia e decisão. A edição do livro é muito boa, que inclui uma introdução assinada por Ricardo Corona. Fiquei feliz de ler estes dois poetas, estes dois Marcelos, estes dois livros da Annablume, quase ao mesmo tempo. [início 27/03/2010 - fim 28/03/2010]
"Nada a dizer", Marcelo Sahea, editora Annablume, 1a. edição (2010), brochura 16x23 cm, 104 págs. ISBN: 978-85-6314106-4
2 comentários:
tô louca pra comprar o meu, pois o trabalho do Marcelo é ótimo! um dos poucos artistas que reside aqui no sul e atua profissionalmente na área de Poesia Visual/Performance e Poesia Sonora. tenho o "Leve" e baixei o "Carne Viva", além de acompanhar a sua produção pelo Poesilha (onde ele divulga e discute, também, outros assuntos e nomes ligados à arte e à cultura) e pelo seu site "Marcelo Sahea".
oi Aguinaldo, desculpa, vim aqui ontem, falei sobre o trabalho do Marcelo e nem te cumprimentei...
teu blog também está anotado!
um abraço.
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