Joseph Roth nos conta em "A lenda do santo beberrão" uma fábula, uma espécie de conto de fadas, no qual acompanhamos os últimos dias de Andreas, um imigrante polonês que vaga pelas ruas de Paris, intoxicado por dores e bebida, num transe alcoólico e religioso. Uma sucessão de pequenos milagres o faz encontrar algum dinheiro e ver esse dinheiro multiplicar-se, o que possibilita que ele alterne nestes dias experiências aparentemente felizes (boas refeições e bebedeiras, comprar roupas novas, ir ao cinema, reencontrar amigos e uma ex-namorada) e duras decepções (a consciência de sua ruína, a lembrança dos seus anos na prisão, a culpa pela morte de um amigo). A promessa de doar uma certa quantidade de dinheiro para uma santa, numa igreja da periferia, é a única coisa que anima seus dias, o faz seguir adiante. A promessa foi feita a um sujeito que lhe dá uns poucos francos no início da história, mas esse sujeito pode ser o próprio diabo, a divertir-se em fazer Andreas experimentar uma última cota de tentações. A felicidade humana não foi incluída no desenho da criação (é o que Joseph Roth parece querer nos fazer lembrar). Bom livro, que foi publicado postumamente, em 1939.
[início: 13/11/2013 - fim: 20/11/2013]
"A lenda do santo beberrão", Joseph Roth, tradução de Mário Frungillo, editora Estação Liberdade, 1a. edição (2013), brochura 14x21 cm., 77 págs., ISBN: 978-85-7448-228-6 [edição original: Die Legende vom heiligen Trinker (Amsterdam: Albert de Lande) 1939]
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