Neste pequeno livro, que lemos facilmente, sem culpa e sem temor, encontramos um curto e irônico tratado de Taine (historiador francês da segunda metade do século XIX) sobre a vida dos gatos. Na verdade trata-se de um artifício utilizado por ele para ilustrar como é a relação dos homens com um mundo adverso: surpreendente, incompreensível, violenta, deliciosa algumas vezes, mas sempre amoral. Publicado originalmente em um livro de relatos de viagens (Voyage aux Pyrénées, de 1858) essa curta narrativa oferece ao leitor uma forma de compreender o mundo, que se é uma compreensão cética e triste, justifica sua amargura, nas palavras de Taine, por ser "uma compreensão que deve ser adquirida o mais cedo possível, pois um pouco de ceticismo na vida é melhor do que nenhum e um pouco de ceticismo é muito melhor do que demasiado dele". Um gato (que nunca diz seu nome) relata suas descobertas sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca. Compara seu entendimento das coisas com aquilo que sabe dos homens, dos demais gatos, dos cães e de outros animais domésticos. É um relato contido, como se ele sentisse tédio em franquear ao leitor sua sabedoria. Típico texto cuja irrelevância é talvez o maior de seus atributos.
[início - fim: 01/03/2014]
"Vida y opiniones filosóficas de un gato", Hippolyte Taine, tradução de Jean Cendras, ilustrações de Gustave Doré, Madrid: Libros de la resistencia (1a. edição) 2013, brochura 10,5x15 cm., 62 págs., ISBN: 978-84-15766-05-6 [edição original: Bagnères et Luchon / Voyage aux Pyrénées (Paris: Librairie Hachette) 1860]
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