Em "Viagem numa peneira" encontramos uma seleção de 45 "limericks" e outros poemas curtos de Edward Lear. "Limericks" é uma forma poética bem humorada, musical, onde se abusa dos jogos de palavras e do absurdo das proposições. Edward Lear não foi o inventor dessa forma, mas ajudou muito em popularizá-la e difundi-la. A organização e tradução desta edição brasileira é assinada por Dirce Waltrick do Amarante (de quem já resenhei aqui outras traduções, sobretudo de coisas de James Joyce: Cartas a Nora, Os gatos de Copenhage, O gato e o diabo). Sua seleção inclui "Limericks" ilustrados propriamente ditos (publicados originalmente em "A book of Nonsense", de 1846); adaptações ilustradas do Abecedário, da botânica nonsense e das árvores nonsense de Lear além de quatro poemas mais longos e canções (A Coruja e a Gatinha; Os Jamblins; O galanteio do Iongui-Bongui-Bô; Sr. Lear, conhecê-lo é um prazer!). Dirce W. do Amarante assina também uma longa apresentação e detalhadas notas de tradução, que contextualizam a produção poética de Edward Lear. A edição original em inglês completa pode ser acessada na remissão: http://issuu.com/edercardoso/docs/viagem_completa_ingles_site/4?e=0. O esforço da tradutora é louvável mas não consegui encontrar graça nas construções de Lear. São rimas muito simples, que parecem apropriadas apenas para crianças que começam a se alfabetizar, a experimentar a magia dos sons e das palavras. Talvez coisas assim possam ter função pedagógica (ou terapêutica), mas elas não conseguiram arrancar alegria deste velho e cansado senhor. Paciência (e vamos em frente).
[início: 14/10/2013 - fim: 14/01/2014]
"Viagem numa peneira", Edward Lear, tradução de Dirce Waltrick do Amarante, São Paulo: editora Iluminuras (coleção Livros da tribo), 1a. edição (2011), brochura 15,5x23 cm., 160 págs., ISBN: 978-84-7321-364-5 [edições originais: A Book of Nonsense (primeira edição, London: Thomas McLean) 1846; (terceira edição, London: Routledge, Warne e Routledge) 1861; More Nonsense
Pictures, Rhymes, Botany, etc. (London: Robert Bush) 1872]
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