Nesse poderoso volume estão reunidos poemas de 37 autores, escritos originalmente em 14 línguas e traduzidos por 25 pessoas. Cabe registrar que um trigésimo oitavo autor, Étienne Dolet, também está presente no livro, já que um texto curto dele ("O modo de bem traduzir de uma língua a outra") é utilizado para apresentar o volume, fazendo as vezes de carta de intenções do projeto. Quem assina a edição/organização é o também poeta Vanderley Mendonça. Se há algo a se lamentar neste volume é a falta de indicação de como tal produção foi engendrada e reunida por ele. No cólofon do livro está dito que "a edição reúne as plaquetes impressas e editadas no ateliê do Hussardos Clube Literário, entre 2013 e 2014", mas não consegui encontrar muita informação sobre esse grupo/projeto (o tempo anda ligeiro). Claro, isso é uma bobagem, os poemas se defendem sozinhos. A edição é sempre bilíngue, apresentando lado a lado os poemas nas línguas originais e em português. Encontramos poemas em francês, inglês, catalão, alemão, italiano, latim, espanhol, provençal, friulano, russo, hebraico, romeno, polonês e grego. Os 25 tradutores são Álvaro Faleiros, Augusto de Campos, Claudio Willer, Cide Piquet, Danilo Bueno, Dirceu Villa, Fernando Klabin, Guilherme Gontijo Flores, Idalia Morejón López, Juliana Di Fiori Pondian, Larissa Peron, Maíra Mendes Galvão, Marcelo Ariel, Matheus Guménin, Monique Maion, Omar Pérez López, Piotr Kilanowski, Reynaldo Damazio, Ricardo Domeneck, Roberto Zular, Ruy Proença, Tatiana Lima Faria, Vanderley Mendonça, Walter Vetor, Willian Zeytounlian. O resultado é muito bom. Claro, não se trata de um livro que o sujeito precise ler respeitando a ordem da edição. No meu caso fui errante, deambulando por eles, primeiro por aqueles dos quais já conhecia alguma coisa (Paul Valéry, Emily Dickinson, Czeskaw Milosz, Wislawa Szymborska, André Breton, Derek Walcott, e.e. cummings, Guido Cavalcanti, Zbigniew Herbert, Vladimir Maikovski, Yehuda Amichai, Paul Celan, Ovídio, Sor Juana Inés de la Cruz, Charles Bukowski, William Faulkner) depois por aqueles de quem mal havia ouvido falar ou, ao menos, não suspeitava terem produzido poesias (Alda Merini, Arthur Cravan, Basil Bunting, Boris Vian, François Rabelais, David Lynch, Denise Levertov, Hans Harp, Meleagro de Gadara, Roberto Juarroz, Vitor Hugo, Mina Loy, Mitos Micleusanu, Maria Mercè Marçal, Heiner Muller, Ingeborg Bachmann, Joan Salvat-Papasseit, Nara Mansur Cao, Peire Vidal, Pier Paolo Pasolini, Robert Desnos). A edição inclui uma brevíssima biografia de cada um dos autores e eventualmente também uma pequena caricatura deles. Quase todos os poemas parecem ter sido vertidos a partir da língua original, mas uns poucos o foram a partir do inglês, num exercício cruzado. Aprende-se um bocado. Esse tem sido mesmo o tempo dos poetas e dos poemas. Nada mais adequado nestes tempos bicudos. Vale!
Registro #1295 (poesia #97) [início: 12/05/2018 - fim: 18/07/2018]
"Lira argenta: Poesia em tradução", Vanderley Mendonça (organizador), São Paulo: V. de Moura Mendonça Livros (Selo Demônio Negro), 1a. edição (2017), brochura 16x23 cm., 384 págs., ISBN: 978-85-66423-34-1
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