Li bastante em 2019. Tantos livros quanto em 2018, muito embora naquele ano eu tivesse deixado pelo menos uns quinze volumes lidos sem registrar, cansado que estava no final. Neste 2019 alcancei registrar tudo que de fato li. As promessas literárias robustas anteriores, de 2017 para trás (reler o Cervantes, terminar o Tristram Shandy, ler as muitas novas traduções dos russos, terminar um fundamental Canetti, voltar com afinco aos gregos e aos mitos, etc e
tal), restaram perdidas. Mas, assim como em 2018, fiz desvios felizes, encontrei bons veios literários,
variados títulos, cousas que fizeram à essa alquebrada alma um grande bem. Neste ano produzi registros de leitura de 18 romances; 25 de volumes
de crônicas ou de ensaios; 9 de contos; 21 de poesia; 16 de romances
policiais; 9 de memórias, perfis ou relatos; 8 de gastronomia; 4 de livros de arte, 3 boas peças de teatro e 13 de outras classes de divertimentos (cartas, aforismos, técnicos, fotografias, catalogos de exposições, cartuns e mangás, infanto-juvenis). Li muita poesia neste 2019, como há muito não fazia. Continuei lendo os bons ensaios editados pela Âyiné.
Li também minha boa cota de 33 livros em espanhol, aproximadamente 26%
do total, mas apenas seis livros em inglês. Continuei com o bom ritmo de leituras dos romances policiais de Donna Leon, senhora de Veneza e da fina ironia. Li dois bons Paulo Scott e dois bons Joca Terron, dois autores que estão produzindo cousas muito mais robustas que a média dos demais autores brasileiros. Li boas traduções de autores holandeses, engendradas por Daniel Dago. O tradicional Ponto de Cinema (de Santa Maria), fechou definitivamente num 17 de junho, um dia após o Bloomsday, evento que não pude organizar adequadamente neste ano por variados motivos, inclusive o mais fundamental, a ausência do Ponto de Cinema, que nos recebia desde 1996, terceiro ano de nossos festejos locais. De qualquer forma, Doña Lourdes e Doña Ana estão em um novo local, o Bar da Casa, e o Bloomsday Santa Maria 2020 acontecerá nos domínios destas duas mulheres altas, melhorado e renovado. Minha média histórica de leitura segue estabilizada. Nos treze anos do blog li cerca de 114 volumes por ano, mais de 9 por mês, 2 por semana, um
terço de livro por dia. Já há 1480 registros de leitura no "Livros que eu li"
(desde 01 de janeiro de 2007). Resumidamente posso dizer que são 862 de
ficção (romances, novelas, contos, poesia e peças de teatro); 373 de não
ficção (ensaios, crônicas, biografias, perfis, didáticos e catálogos de
arte) e 245 de divertimentos variados, absolutamente não classificáveis em categorias simples,
mas todos eles de alguma forma prazerosos. Esse foi um ano em que dois prêmios Nobel de literatura foram outorgados (para o austríaco Peter Handke e para a polonesa Olga Tokarczuk);
em que a aventura febril das livrarias Saraiva e Cultura alcançou a seara do estelionato, pois ambas jamais irão pagar o que devem a centenas de indivíduos e a dezenas de pequenas editoras; foi o ano em que fiz apenas minha cota regimental de viagens pelo Brasil para as avaliações do MEC. Helga e
eu fomos as praias no verão e ficamos em casa nas férias de inverno. Morreu o genial Andrea Camilleri, de quem já li tantas maravilhas (agora espero a publicação do Riccardino, seu réquiem já há tanto tempo escrito, o livro sobre a morte do comissário Montalbano). Já se passaram três anos da morte de doña Vic e dois do
primeiro e verdadeiro Guina. No final de 2019 morreu Salen, nosso Buda revivido e privado, que tantas alegrias nos deu. Das leituras de 2020 pouco sei dizer, sei antecipar. Os livros irão me encontrar, como sempre fazem. Organizei as estantes durante as festas de fim de ano. Tenho pelo menos 4 mil livros nas prateleiras, nas estantes, nos nichos, ao alcance da mão e do acaso. Sei que eles me encontrarão por
aí, brotarão dos guardados, fazer-se-ão lembrados por uma epifania
qualquer, como sempre acontece. Sei também que uma legião de escravos mentais e a
turma podre do Alzheimer moral certamente continuará a tentar me incomodar,
mas Humphrey Bogart já me ensinou que não se deve perder tempo
desprezando alguém, basta esquecê-los, mantê-los por profilaxia bem
distantes. Bueno. É quase hora de fazer-se ao mar bravio de 2020. Já é tempo, e, como já disse no ano passado: Thalatta! Thalatta!
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2 comentários:
Grande Guina! Seu afinco literário sempre me comove e sempre me empresta um pouco de ânimo para as leituras. Voltei à faculdade e minha cota anual de 52 a 60 lidos baixou para 43, mas ainda assim, uma boa marca para um pais de leitores medíocres. Continuemos nossa saga pela sede da boa literatura em 2020! Ano aliás que adentrarei o Velho Continente e quem sabe à boa Espanha de Javier Marias...Feliz 2020, mestre! Evoé!
Paulo meu caro, tudo de bom em 2020. Notícia boa saber de tua viagem. Alegrias mil e boas leituras, para ti e todo teu pessoal.
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