Se ao terminar "Bonsai" o leitor fica satisfeito com o poder de síntese e contenção de Alejandro Zambra, o resultado após terminar esse outro pequeno livro dele, "La vida privada de los árboles", já é mais próximo do tédio, como aquele que experimentamos ao ouvirmos uma piada gasta (pode-se até rir em solidariedade com o amigo que a conta, mas sabemos que a condescendência é só um pedágio social barato). Não que "La vida privada de los árboles" seja um livro exatamente descartável, mas é o tipo de livro que não surpreende, não motiva, não faz o leitor procurar algum entendimento diferente da vida. Inegavelmente há alguma ambição no livro. Zambra cria uma história de espera, tenta aprisionar aquele tempo interior que experimentamos quando gostaríamos que uma situação se resolva, mas sabemos que as circunstâncias têm um tempo próprio, independem de nós para fluir. Um rapaz passa a noite velando sua enteada, contado e inventando para ela histórias sobre árvores, enquanto imagina as possibilidades de explicação para o atraso da mãe da menina, sua mulher. Zambra situa sua história nos anos de democracia, mas pode-se ler essa espera como a culpa de um sujeito que não sofreu diretamente os males dos anos da ditadura chilena, que não ficou a esperar alguém que desaparecia naquelas noites duras, que não sabe como se comunicar com aqueles que perderam amigos e parentes. Pode-se ler a espera como a cristalização do ciúme (da mulher) ou a sublimação de atos de amor (pela mulher e pela enteada). Pode-se ler a espera como o caminho trilhado por um autor para fazer um livro se materializar. É que enquanto zela pela enteada o narrador também imagina escrever um livro, que é afinal o livro que temos em mãos. As possibilidades de futuro são infinitas, mas o leitor não saberá de Zambra o que acontecerá com seus personagens, o narrador prefere não ser tão detalhista (e a literatura é sempre irrelevante, já sabemos). Ainda tenho o "Formas de volver a casa" dele para ler. Talvez Zambra seja mais convincente com algo que tenha um tanto mais de fôlego. Logo veremos.
[início - fim: 06/02/2013]
"La vida privada de los árboles", Alejandro Zambra, Barcelona: editorial Anagrama, 1a. edição (2007), 13x20 cm., 117 págs., ISBN: 978-84-339-7154-8
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