Para aqueles que gostam de James Joyce 2012 foi um ano
particularmente importante, já que muito foi comemorado: os 90 anos da
edição original do Ulysses (1922); os 130 anos da data de nascimento de
James
Joyce (1882); o lançamento de várias novas traduções do Ulysses (dentre
elas a quarta tradução completa para a língua
portuguesa, a de Caetano Galindo). Entretanto o mais auspicioso foi o
fato de toda a obra de Joyce ter se tornado, desde janeiro de 2012, de
domínio público. Os herdeiros de Joyce eram extremamente zelosos de sua
obra e dificultavam seu uso em qualquer tipo de manifestação artística
e/ou
cultural. A realidade jurídica de não haver mais direitos de copyright
sobre a obra
de Joyce foi uma espécie de libertação, comemorada com alegria em todo o
mundo. Além das várias traduções novas do Ulysses foram lançadas, vários
outros livros de Joyce foram reeditados. O projeto literário mais
rumoroso foi o lançamento de "The cats of Copenhagen", logo no início do ano passado, pela Ithys Press.
Trata-se de uma carta manuscrita de Joyce, endereçada a seu neto
Stephen, algo similar a uma outra que já havia sido transformada em
livro nos anos 1960, The Cat and the Devil (e que já resenhei aqui). O problema é que a carta original "The cats of Copenhagen", datada de 5 de setembro de 1936, mas somente descoberta em 2006, fazia parte do acervo da Zürich James Joyce Fundation,
que não tinha planos de editá-la em livro. Aproveitando o fato de não
haver mais direitos de copyright a Ithys Press antecipou-se (numa
manobra não exatamente correta e/ou ética) e transformou a carta em uma
edição luxuosa (os exemplares foram comercializados por até 400 Euros).
Fritz Senn, o diretor da Zurich James Joyce Fundation, certamente deve
ter ficado muito aborrecido. Esse meu exemplar, publicado pela Simon and
Schuster (Scribner) custou-me muito menos (uns 17 dólares), mesmo assim
já é uma das jóias de meus guardados joyceanos. A tipografia é assinada
por Michael Caine e as ilustrações pela designer Casey Sorrow. A
história é curta, mas tem sua magia. Joyce descreve os gatos da capital
dinamarquesa com seu humor particular, estimulando seu neto a acompanhar
suas reflexões. Será que minhas pequenas sobrinhas, doñas Clara e
Victória, irão gostar desta história? Logo veremos. Evoé!
[início - fim: 02/02/2013, James Joyce's 131st birthday]
"The cats of Copenhagen", James Joyce,
ilustrações de Casey Sorrow, New York: Scribner (Simon and Schuster),
1a. edição (2012), capa-dura 24x16 cm, 32 págs. ISBN: 978-1-4767-0894-2
[edição original: Dublin: Itchys Press, 2012]
Um comentário:
Como sempre, dá vontade de ir atrás do livro após ler sua resenha.
Me permita uma correção: no Brasil, com a tradução do Galindo, nós temos 3 traduções de Ulisses.
Forte abraço.
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